2
Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento Humano
Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região
VIDIGAL, Viviane. A classe plataformizada tem dois sexos: trabalho, algoritmização e resistência. Revista Jurídica Trabalho e
Desenvolvimento Humano, Campinas, v. 4, p. 1-37, 2021.
strategies, and negotiate their visibility. To build these arguments, empirical data will be
presented, collected from semi-structured interviews carried out with platform workers in the
following activities: passenger transport, food delivery and manicures, working in the cities of
Campinas/SP and São Paulo/SP.
KEYWORDS: Platform, Gender, Labor, Algorithmization, Resistance
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo resaltar la incorporación de la temática de género en la
plataforma de trabajo. El recorte de género dentro del mosaico de actividades del trabajo en
plataformas aún está mal guiado y se pretende contribuir a superar esta brecha. Se argumenta
que la forma en que se organiza el trabajo a través de plataformas, entrelazada con la ausencia
de una red laboral y de protección social, contribuye a que las mujeres se vean más afectadas en
este modelo, actualizando y profundizando la desigualdad de género existente en otras
configuraciones laborales. Los tres ejes analíticos principales del artículo, trabajo, algoritmización
y resistencia se desarrollan sobre la hipótesis de que la conformación del trabajador a demanda
produce un trabajador ideal que, dada la división sexual del trabajo, no es neutro en cuanto al
género. La gestión algorítmica se apropia, organiza y reproduce un conjunto de desigualdades ya
existentes. Está demostrado que las respuestas algorítmicas a los deseos del capital tienen un
sesgo de género. En la resistencia al trabajo despojado de derechos, la pregunta es cuál es la
historia que las mujeres construyen para sí mismas, en qué huelgas se involucran, cómo se
articulan, crean estrategias y negocian su visibilidad. Para construir estos argumentos, se
presentarán datos empíricos, recolectados a partir de entrevistas semiestructuradas realizadas
con trabajadores de la plataforma en las siguientes actividades: transporte de pasajeros, reparto
de alimentos y manicura, trabajando en las ciudades de Campinas/SP y São Paulo/SP.
PALABRAS CLAVE: Plataforma, Género, Trabajo, Algoritmización y Resistencia
INTRODUÇÃO
Michelle Perrot afirmou que a história, por muito tempo, havia se esquecido das
mulheres que foram “mais imaginadas do que descritas ou contadas”
2
. Ao longo do tempo foi
sendo possível reunir artigos e pesquisas que romperam com esse silêncio e suas “zonas
mudas”. Os esforços contínuos depreendidos para superar as ausências delas na história
também envolveram a tentativa de compreender a inserção, a presença e a vida das mulheres
no mundo do trabalho.
O capitalismo de plataforma
3
e a uberização
4
do trabalho são conhecidos, e já, há
2
PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da História. Bauru: Edusc, 2005.p.11.
3
Nick Srnicek se debruça sobre o estudo das plataformas. A justificativa do autor para este foco é a necessidade
de vislumbrar se este novo conjunto de tecnologias e modelos organizacionais representa um novo regime de
acumulação ou a continuação de regimes precedentes. É possível compreender o trabalho plataformizado como
um ecossistema envolvendo um conjunto de actantes, ou seja, atores humanos e não humanos, empresas,
plataformas, usuários/consumidores, Estado, algoritmo, programas de rastreamento, banco de dados, entre
outros dispositivos. De acordo o autor as plataformas “são infraestruturas digitais que possibilitam a interação
entre dois ou mais grupos” (SRNICEK, N. Platform capitalism. Cambridge: Polity Press, 2017, p. 43).
4
[Trata-se de] “uma nova forma de organização, de controle e gerenciamento do trabalho, a qual conta com o
par autogerenciamento/eliminação de vínculos empregatícios e regulações públicas do trabalho.” ABÍLIO,